Por que o silêncio incomoda tanto?
O que há no silêncio que o torna tão ensurdecedor?
Vivemos tempos onde cada ruído é uma distração permitida. Onde o vazio sonoro, ao invés de paz, evoca desconforto. O silêncio não é ausência. Ele é presença bruta do que evitamos ouvir: nós mesmos.
poema: O silêncio que devora
No silêncio o ruído grita,
o tempo não passa, ele pesa.
O eco dos próprios fantasmas
ressoa em cada dobra da alma.O silêncio não pergunta.
Ele acusa.
Ele abre, rasga, revela.
E ninguém escapa inteiro.
Reflexão Filosófica sobre por que o silêncio incomoda tanto?
Cioran nos alertou que “a fala é o modo de disfarçarmos o vazio”. O silêncio, portanto, é o retorno ao nu, ao cru, ao abismo sem narrativa. Schopenhauer o via como condição prévia à vontade – ou seja, ao desejo que nunca se sacia. Nietzsche chamaria esse incômodo de uma interrupção da “vontade de potência”. Não há o que conquistar no silêncio, apenas suportar a própria existência.
Camus talvez diria que no silêncio mora o absurdo: aquilo que não se resolve, apenas se suporta. E Dostoiévski escreveria: “o homem é desgraçadamente incapaz de ficar em silêncio por dez minutos sem pensar em matar ou morrer”.
O desconforto do silêncio é o incômodo de não ter para onde fugir. É o colapso da ilusão de controle.
Olhar Psicanalítico sobre o incômodo do silêncio
Para a psicanálise, o silêncio toca a castração simbólica. Ele interrompe o fluxo da fala — onde o sujeito se sustenta. Lacan diria: “o inconsciente é estruturado como uma linguagem”. E quando a linguagem falha, o real retorna. O silêncio é essa falha.
Freud já nos mostrou que a neurose se alimenta daquilo que evitamos simbolizar. No silêncio, o recalcado se infiltra. O que foi negado retorna, não como resposta, mas como angústia.
Silêncio é espelho. E há quem prefira mil ruídos à imagem que esse espelho revela.
O que fazer com esse incômodo? (Seção prática)
Não espere conselhos de almofada aqui. Se você quer lidar com o silêncio, vai ter que encarar a verdade.
- Pare de fugir da própria mente.
Desligue as telas. Sente. Escute o que emerge. Aguente. - Anote seus pensamentos em silêncio.
Sem filtro, sem censura. O que você mais teme escrever é o que mais precisa encarar. - Reze ou medite. Mas sem buscar paz.
Busque lucidez. A paz é um subproduto, não um objetivo. - Converse com alguém que não teme o silêncio.
Psicanalista, filósofo ou até um bom amigo que não preencha pausas com platitudes.
Conclusão
O silêncio incomoda porque ele revela. Não as verdades do mundo — mas as mentiras que contamos a nós mesmos. Ele é o único espaço onde não há máscara que sustente o ego.
Se o silêncio te incomoda, talvez seja hora de escutar o que você vem silenciando há anos.
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Coragem é encarar o eco. Vamos conversar.